Combustíveis: evolução que move a mobilidade
Sol, vento, água, madeira, carvão. O que eles têm em comum? Todos são recursos naturais que podem ser transformados em fonte de energia! Inclusive, eles são apenas alguns exemplos utilizados pela humanidade, desde os primórdios, para se aquecer, alimentar, locomover e também produzir, como na época da Revolução Industrial.
Ao longo da evolução, estes recursos deram origem a uma outra categoria de fontes de energia: os combustíveis – substâncias que geram calor por meio da combustão – sobretudo após a descoberta e exploração do petróleo. Naturalmente, isso foi acontecendo para atender as necessidades de uma sociedade em constante desenvolvimento, entre elas a popularização dos automóveis no século 20. E, neste contexto, a Bosch tem uma grande contribuição na história ao desenvolver tecnologias especialmente idealizadas para aumentar a eficiência dos motores à combustão, independentemente do tipo de combustível – gasolina, diesel ou etanol. Mais adiante, faremos essa conexão entre as soluções de mobilidade da empresa atrelada aos combustíveis e a questão ambiental – já que a Bosch está amplamente comprometida com a descarbonização. Acompanhe!
Você sabe quais são as diferenças entre os tipos de combustíveis?
Os combustíveis são usados para gerar energia térmica, sendo provenientes de recursos naturais que podem ser classificados em:
- Renovável, ou seja, são inesgotáveis e se renovam. Nesta categoria estão: energia solar, hídrica, eólica, oceânica e de biomassa que pode, por exemplo, dar origem aos biocombustíveis, como o etanol.
- Não renovável, isto é, que são limitadas ou esgotáveis na natureza. Neste grupo estão: petróleo e seus derivados – gasolina, diesel, querosene, GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) – carvão mineral e gás natural. Eles são de origem fóssil – resultado da decomposição de animais e vegetais ao longo de milhares de anos – e por isso é que não são renováveis.
Aí, em um comparativo, é importante também destacar que as fontes renováveis são consideradas mais limpas que as de origem fóssil, pois emitem menos gases de efeito estufa (GEE), entre eles o dióxido de carbono (CO2), que é considerado o principal causador do aquecimento global. No caso específico dos biocombustíveis, essa redução ocorre no ciclo total de vida do combustível, sendo importante destacar que tais gases são capturados de volta no crescimento das plantas.
Oportunidades com a Crise do Petróleo
Antes de abordar a crise, vale dizer que o petróleopode ser considerado uma matéria-prima da antiguidade – pesquisadores relatam que ele era utilizado por povos antigos na região do Egito, Pérsia, Mesopotâmia e China para diferentes finalidades. Séculos depois, em 1859, na Pensilvânia, Estados Unidos, foi encontrado o primeiro poço de petróleo. Já no Brasil, a exploração comercial ocorreu bem depois, em 1939, com a perfuração de um poço na Bahia.
Graças à popularização dos automóveis e de outros meios de transportes, que passaram a ser produzidos em série depois de 1913, é que o petróleo ganhou força com a finalidade de obter gasolina e o diesel para mover os motores.
No entanto, uma série de fatores culminaram na Crise do Petróleo, como a ascensão dos governos das nações do Oriente Médio após o fim da Segunda Guerra Mundial, que passaram a ter mais controle na exploração de petróleo em seus próprios territórios. Anos depois, já no começo da década de 70, esses países começaram a regular o escoamento da produção petrolífera por conta de sua natureza não renovável, fato que fez o preço do produto subir exponencialmente no mundo, gerando um choque de oferta e conflitos políticos que impactaram a economia global.
Por conta deste cenário, os países começaram a buscar fontes alternativas para diminuir a dependência do petróleo. Neste sentido, em 1975, o governo brasileiro criou incentivos para substituir a gasolina por álcool por meio do Programa Nacional do Álcool – o Proálcool. Esta iniciativa, que envolveu fabricantes de automóveis e acadêmicos chegou para estimular a produção de um combustível totalmente renovável e menos poluente.
Neste mesmo período, em 1976, houve ainda a proibição de venda de óleo diesel para veículos leves no Brasil, com o objetivo de também diminuir o uso de petróleo e direcionar esse combustível apenas para a frota de veículos pesados, especialmente para transporte de cargas. O que agregou mais um estímulo ao uso do etanol no setor automotivo.
Fica claro, então, que despontava uma grande oportunidade para o Brasil, não apenas do ponto de vista ambiental, mas também de posicionar o país como referência global no desenvolvimento de um motor a combustão totalmente independente dos combustíveis fósseis.
A vez do etanol e as tecnologias Flex
Desde então, com o aumento da frota de veículos a álcool no Brasil, novas tecnologias foram surgindo e a Bosch, sempre na vanguarda, investe continuamente em soluções para carros movidos a etanol, seja com produtos, na eletrônica ou em software. Assim, em 1985, desenvolveu o sistema de injeção eletrônica, bem como os primeiros produtos produzidos localmente, como ignição eletrônica, bobinas, bombas de combustíveis e velas de ignição especialmente desenhados para trabalharem com o etanol.
Mais tarde, em meados dos anos 90, houve um avanço tecnológico: a Bosch desenvolveu o sistema Flex Fuel, que possibilita o abastecimento dos veículos com etanol e/ou gasolina, em qualquer medida. Anos depois, em 2003, o mercado nacional passou a contar com veículos Flex produzidos em escala. Para o consumidor, esta solução trouxe liberdade de escolha!
Se os carros hoje no Brasil utilizam um biocombustível verde e limpo, como o etanol, é graças à uma tecnologia 100% nacional, desenvolvida no Centro de Competências para biocombustíveis da Bosch Brasil. O sistema Flex Fuel Bosch – uma conquista da engenharia brasileira – é capaz de reconhecer e adaptar, automaticamente, as funções de gerenciamento do motor para qualquer proporção de mistura de álcool e de gasolina que esteja no tanque. Assim, o que no passado surgiu como uma alternativa com foco econômico, hoje é também um reforço para fomentar a descarbonização.
Já em 2004, a Bosch inova mais uma vez e apresenta a tecnologia FlexStar®, que elimina a necessidade do uso do reservatório de gasolina durante a partida a frio de veículos Flex Fuel abastecidos com etanol. Esta solução chegou nas ruas em 2009, com o lançamento do Volkswagen Polo E-Flex. Além disso, em 2012, a Bosch apresentou seu sistema de injeção direta flex para motor bicombustível. Dois anos depois, a frota brasileira já contava com veículos circulando com mais esta solução da empresa.
Com a criação das tecnologias Flex, a Bosch ajudou a posicionar o Brasil entre os países com baixo índice de emissões de CO2 devido ao uso do etanol, uma matriz totalmente renovável. E mais, o país tem ainda o potencial de ser um protagonista no desenvolvimento de soluções dentro do cenário global da sustentabilidade energética na busca pela neutralização de carbono.
Para destacar que o etanol é realmente uma solução ideal quando se fala em descarbonização, temos aqui uma avaliação de emissões em tecnologias veiculares da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que indica 62% menos impacto de CO2 do etanol hidratado em relação à gasolina C (E27), considerando ciclo completo de vida do combustível.
Descarbonizar é preciso!
Pensando em uma mobilidade sustentável, os veículos precisam desempenhar um papel importante no quesito redução do CO2, principalmente para cumprir o Acordo de Paris, que exige que o aquecimento global seja limitado a 2°C acima dos níveis pré-industriais, de preferência até 1,5°C. E, para que isto aconteça, o CO2 emitido pelos automóveis - leves e pesados - terá que ser reduzido a quase zero nas próximas décadas. Para tanto, serão necessários desenvolvimentos de sistemas powertrain e novas soluções em combustíveis cada vez mais eficientes. Um caminho para esse desafio são os combustíveis sintéticos renováveis, que ajudam a diminuir a emissão de CO2.
A Bosch, por sua vez, está amplamente comprometida com a descarbonização e defende a neutralidade tecnológica, provendo soluções inovadoras para veículos elétricos, híbridos-flex e outros biocombustíveis, além de células a combustível, abrangendo tanto o segmento de leves quanto pesados.