Saiba mais sobre a digitalização na gestão de frotas e conheça as principais tendências de telemetria

No mundo digital, cada vez mais complexo e interconectado, novas demanda de mercado impulsionam o surgimento, aprimoramento, ou a combinação de tecnologias que, aos poucos, são absorvidas pela sociedade. De acordo com o Bosch Tech Compass 2023, estudo que procura compreender como a tecnologia está afetando a vida das pessoas, 75% dos entrevistados acreditam que a tecnologia torna o mundo um lugar melhor. Por outro lado, 82% dos respondentes entendem que o foco em tecnologias sustentáveis traz sucesso econômico.

De fato, a conectividade mudou bastante as características de vários serviços da atualidade e a Internet das Coisas (Internet of Things ou IoT) intensificou ainda mais essa influência. A IoT estabelece uma conexão mais eficiente entre o mundo físico (as coisas), os seres humanos e o mundo digital (os dados, as informações). Para fazer isso acontecer, ela utiliza uma variedade de recursos que vão de sensores a softwares inteligentes – e o resultado é a geração de informações que conectam sistemas, produtos e seus usuários.

Para coletar informações é preciso que os aparelhos estejam conectados entre si. Foi com a chegada da tecnologia 3G que tudo começou a andar cada vez mais rápido, viabilizando recursos como a transmissão de conteúdo online (ou streaming) e a navegação na internet em alta velocidade. Neste crescimento acelerado do mercado, as empresas fabricantes de hardware investiram em tecnologias que tornassem possível a transferência de dados em longas distâncias e com um tipo de conexão confiável e acessível que permitisse a navegação na internet em uma velocidade suficientes para que aplicações de IoT pudessem se tornar realidade.

Já a quarta geração das redes móveis, o 4G, aperfeiçoou aspectos como redução do consumo de energia e a ampliação cobertura da rede, chegando a viabilizar conexões a uma distância de até 12 quilômetros.

Quanto à tecnologia 5G, a expectativa é que ela acrescente até US$ 1 trilhão à economia global, em 2030, segundo estimativa da Global System for Mobile Communications Association (GSMA). No Brasil, o 5G já é realidade nas capitais e a expectativa é de que a quinta geração de dados móveis possibilite uma conexão excepcional, além de viabilizar a implementação efetiva da IoT por aqui. Com esta tecnologia, os processos devem se tornar cada vez mais rápidos, assim como os sistemas de comunicação e a operação de máquinas inteligentes.

Paralelamente à IoT, outra tecnologia que vem ganhando espaço rapidamente é a Inteligência Artificial (IA). Segundo um estudo da KPMG, 82% das pessoas do mundo já tiveram algum contato com ela. A maioria dos brasileiros (93%) tem expectativas positivas em relação aos benefícios desta tecnologia, enquanto 84% deles considera a IA confiável. Um dos objetivos da IA é permitir que dispositivos criados pelo homem consigam desempenhar certas funções sem a interferência humana, através da capacidade de simular ações próprias à nossa espécie e de pensar logicamente. Com isso, é possível criar uma grande variedade de soluções voltadas ao nosso dia a dia. Este recurso pode ser especialmente valioso para empreendedores, profissionais liberais, donos e administradores de empresa, constantemente desafiados a alavancar a produtividade de seus negócios.

Com a implementação do 5G e o avanço da IA, o Brasil se prepara para impulsionar a competitividade das empresas e do mundo do trabalho em geral – efeito que deverá ser sentido nas próximas décadas.

Uma das principais formas de aplicarmos a IoT à telemetria é utilizá-la para a coleta, transmissão, e o processamento ou análise de dados, embora haja também outras formas de se fazer isso. Profissionais ligados à área da mobilidade certamente já vivenciaram situações em que a IoT foi utilizada em conjunto com recursos de telemetria, por exemplo.

No Brasil, já há algum tempo, é possível adquirir caminhões e furgões que já saem da fábrica com a possibilidade de transmitir informações às montadoras. A coleta e transmissão de dados, por sua vez, podem ser integrados em um serviço de telemetria. Neste caso, é possível realizar uma gestão mais eficiente da operação, capaz de auxiliar na redução de gastos com combustível, na manutenção de ativos e no monitoramento da forma como o condutor dirige o veículo da frota.

A segurança no trânsito, aliás, é um tema crítico e urgente, especialmente no contexto brasileiro. De acordo com a organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa a 3ª posição mundial em mortes no trânsito, perdendo apenas para a Índia e China. Já a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) estima que imprudência, desatenção e imperícia na condução são os fatores que levam mais riscos para estradas, sendo que das 10 principais causas dos acidentes registrados, 9 foram por falha humana.

A telemetria pode ser uma aliada para o enfrentamento dessa situação, uma vez que seu propósito é fornecer informações precisas e ágeis para auxiliar a tomada de decisão. Isso inclui, por exemplo, dados sobre padrões de condução do motorista, condições de tráfego e manutenção preventiva: aspectos cruciais para oferecer maior clareza sobre irregularidades no trânsito, apoiando a prevenção e a resolução de acidentes.

Vale lembrar que, além de ser capaz de ler as trocas de dados realizadas entre os equipamentos eletrônicos dos veículos da frota, a telemetria também auxilia na identificação de padrões e na previsão de demanda, bem como no apontamento de falhas, gargalos e ineficiências. A leitura correta dos dados de uma operação, realizada com o apoio de uma solução de telemetria, é uma competência essencial para o gestor de frota. Assim, ele se torna mais apto a realizar uma gestão estratégica, tomando as melhores decisões para realocar recursos, reduzir custos e aumentar a eficiência de sua operação.

Esses são apenas alguns avanços que a tecnologia foi capaz de proporcionar para a telemetria. Atualmente, as aplicações mais inovadoras, no campo da mobilidade estão relacionadas à vídeo-telemetria, ao uso de práticas sustentáveis e à otimização do ciclo de vida da frota.

• Vídeo-telemetria

Essa tecnologia utiliza a captação de imagens para a coleta de dados por meio de uma câmera de segurança instalada no veículo. As imagens gravadas são enviadas a uma plataforma que permite a análise do comportamento do condutor e a geração de ideias para melhorias.

Unindo tecnologias de IoT, IA e big data, a vídeo-telemetria é capaz de identificar e gerar alertas, automaticamente, sobre situações perigosas que possam colocar em risco a vida de quem está ao volante. Além disso, ela é capaz de identificar e registrar o que acontece dentro e fora do veículo. Com a vídeo-telemetria também é possível identificar comportamentos de risco, levantar a responsabilidade sobre infrações no trânsito e reduzir gastos com acidentes e multas, dentre outros aspectos.

• Sustentabilidade

Este é um tema caro à sociedade já há algum tempo. Podemos entender sustentabilidade como a adoção de técnicas, métodos, tecnologias, recursos, instrumentos e ferramentas para que um processo ou sistema se torne permanente.

Como exemplo de um sistema que busca a perenidade podemos considerar a sociedade em que estamos inseridos – e ela tem sido ameaçada por uma série de fatores que vão do efeito estufa e da falta de água potável ao consumo predatório de energia, à fome e à desigualdade social.

Se você considera tudo isso muito teórico e distante, basta lembrar que o planeta está vivendo uma sequência de recordes da média global de temperatura (17,18oC em 4/7/2023). E os especialistas estimam que esta marca poderá ser quebrada mais vezes no mesmo ano. Uma das causas deste fenômeno é a combustão de combustíveis fósseis, que gera grandes quantidades de resíduos e gases, como CO2 (gás carbônico), por exemplo.

Um tema crítico e de impacto mundial, como este, demanda igualmente ações globais. A boa notícia é que decisões tomadas localmente podem gerar um impacto positivo global.

Do ponto de vista empresarial, é possível assumir compromissos que apoiam esta causa sem colocar em risco o negócio – ou até mesmo dando a ele um impulso extra. Isso pode ser alcançado, por exemplo, ao se colocar em prática estratégias que visam assegurar um ambiente de trabalho seguro e saudável, com boas relações profissionais – atitudes que possibilitam o desenvolvimento pessoal e ultrapassam os limites da empresa. Outro aspecto que pode ser considerado é a promoção do consumo racional e eficiente dos recursos da empresa, objetivo que pode ser alcançado, por exemplo, através do estímulo à condução segura, da consolidação de viagens e do dimensionamento mais preciso da frota. O mapeamento das emissões dos veículos das operações, visando a elaboração de um plano de compensação de carbono, também é uma prática que aos poucos começa a ganhar espaço no Brasil.

• Otimização do ciclo de vida dos veículos

Nos últimos anos, os obstáculos da cadeia de suprimentos automotivos atrasaram os prazos de entrega de novos veículos e dos equipamentos devido à pandemia e aos conflitos geopolíticos. No caso dos caminhões, em especial os pesados, este tipo de dificuldades tem ficado cada vez mais no passado. Entretanto, no Brasil da atualidade, os juros elevados, a dificuldade de obter financiamento e a alta de preços nos caminhões Euro VI têm sido um desafio para quem precisa investir em um novo veículo ou renovar sua frota.

Neste sentido, ações que ajudem a promover a produtividade das operações de transporte são muito bem-vindas – e a aposta em um serviço de telemetria pode ser uma boa estratégia para o gestor de frota contornar essa situação e prolongar a vida útil de seus veículos. A integração de variáveis monitoradas pela telemetria, como consumo de combustível, comportamento na direção e manutenções programadas, por exemplo, são de grande valia na hora de o gestor traçar planos para maximizar a produtividade de sua operação.