Tecnologia para a vida: Flex Fuel faz 20 anos no Brasil
Dentre os inúmeros feitos tecnológicos da Bosch, os 20 anos de sucesso do motor Flex no mercado brasileiro mostram um caminho de inovação e pioneirismo. Uma ocasião para celebrar o que foi alcançado em termos de liberdade de escolha do consumidor, mobilidade sustentável e melhoria na qualidade do ar.
Alternativa brasileira
Nos anos 1970, o Brasil agitou o mercado automotivo com uma novidade: o motor a etanol (álcool etílico). Três décadas depois, o mercado testemunharia outra revolução: o lançamento do carro Flex, que deixava nas mãos do motorista a escolha do combustível para abastecer o carro. Como veremos, o caminho até lá foi longo, porém muito acertado – e o pioneirismo da Bosch foi essencial para que este marco histórico pudesse ser atingido.
A crise global do petróleo, em 1973, que causou a escassez do produto e fez o preço do barril aumentar, impulsionou a sociedade em busca de alternativas à gasolina e ao óleo diesel. Era praticamente inevitável que os reflexos dessa situação chegassem por aqui – e seus efeitos foram muito além de bombas secas nos postos: a economia brasileira sofreu um duro golpe, ocasionado pela alta dependência em relação ao petróleo importado.
O Brasil possuía grande disponibilidade de terras para a agricultura. Por isso, enxergou na cana-de-açúcar uma saída para o problema do abastecimento de combustível. Em 1975 foi criado o Proálcool (Programa Nacional do Álcool), que oferecia incentivos fiscais e linhas de financiamento para o desenvolvimento de um combustível alternativo à gasolina.
Como resultado, iniciou-se a comercialização, a partir de 1979, de automóveis com motor a etanol. Diante do baixo valor do combustível, os modelos não demoraram a se popularizar. Entretanto, apesar de os carros a etanol serem econômicos, esta motorização também tinha algumas desvantagens. Uma delas era o menor rendimento do combustível em relação à gasolina, o dano ocasional a algumas peças do veículo, bem como a dificuldade com a partida do veículo em dias frios (questão contornada com a introdução de um tanquinho de gasolina que injetava este combustível no momento da partida).
Apesar de todas essas dificuldades, os modelos a etanol conquistaram os brasileiros. Prova disso é que, em 1986, mais de 90% dos veículos produzidos no país faziam uso deste biocombustível.
No ano seguinte, porém, a situação se inverteu de forma drástica. O preço da gasolina começou a cair no mercado internacional. O Brasil, então, retirou os subsídios oferecidos aos agricultores para a produção de álcool etílico. Isso resultou na falta do produto nos postos de abastecimento, ocasionando a redução dos lançamentos de veículos nas versões a etanol. Ao final deste processo, os volumes não eram mais suficientes para cobrir os custos de desenvolvimento dos componentes e de veículos a etanol: a produção deste tipo de carro entrou em franco declínio.
A história do Flex
Este panorama seria revertido a partir de 2003, com a chegada, no mercado, do sistema Flex Fuel.
A história do Flex no Brasil está diretamente ligada à Bosch: sua equipe de engenharia desenvolveu o primeiro sistema flexível, de injeção eletrônica de combustível, do mundo. E isso fez história, permitindo que os carros fossem abastecidos com gasolina, etanol ou uma mistura de ambos.
A Bosch apresentou esta inovação às montadoras nos anos 1990. No entanto, ela só foi adotada comercialmente quase dez anos depois, em 2003 – e esta inovação revolucionou a matriz energética veicular no país.
O sistema Flex rapidamente se tornou um sucesso de vendas, a ponto de se tornar parte essencial da mobilidade brasileira. Essa tecnologia deu aos brasileiros a liberdade de escolher entre etanol e gasolina, oferecendo uma solução que é também sinônimo de versatilidade e respeito ao meio ambiente.
Hoje, há mais de 40 milhões de veículos Flex emplacados no Brasil. A Bosch é a maior produtora nacional deste sistema, com mais de 13 milhões de unidades, fornecidas a 10 clientes. Também é fato que pelo menos 80% dos carros com componentes preparados para operar com etanol possuem uma solução Bosch.
O sistema Flex e o meio ambiente
A utilização de carros Flex, especialmente quando abastecido com etanol, pode oferecer uma contribuição importante para a redução dos índices de emissões de CO2 (dióxido de carbono) no Brasil.
Estimativas realizadas por meio do RenovaCalc – calculadora usada para determinar a eficiência energética da cadeia produtiva do etanol e biodiesel – e com base em dados fornecidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), indicam que o uso de etanol permite reduzir as emissões de CO2 em mais de 60% se comparado ao uso de gasolina no mesmo veículo. Já a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Única) afirma que, desde o lançamento dos carros Flex, em 2003, o uso de etanol já evitou a emissão de mais 620 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera.
O futuro da descarbonização
A procura por veículos Flex só cresceu nos últimos anos e os fabricantes de automóveis também têm se adaptado às novas demandas, oferecendo aos consumidores veículos que são cada vez mais eficientes, seguros e modernos.
Conforme o século 21 avança, o etanol e os veículos Flex se tornam cada vez mais importantes, pois a descarbonização se tornou uma necessidade global. É urgente repensar todo o sistema de transporte, para que possamos enfrentar, com novas soluções, os desafios da mudança climática.
Olhando para o futuro próximo, é importante deixar claro que não há uma solução única para o mundo quando o assunto é a descarbonização da mobilidade. Com o avanço da tecnologia das baterias de lítio, que passaram a ter maior autonomia e vêm se tornando mais baratas, a indústria automotiva também voltou sua atenção para os carros elétricos. É uma tendência que vem se desenvolvendo bastante e está disposta a ocupar o seu espaço no mercado automotivo.
Neste cenário, o Brasil se encontra em uma posição relativamente confortável. O etanol, no país, possui uma rede de distribuição pronta, operacional e eficaz, atendendo mais de 42 mil postos de combustível em toda a extensão nacional, segundo o Anuário Estatístico 2022 da ANP. Com essa estrutura, o país já está bastante avançando no caminho para agregar novas tecnologias, como é o caso dos modelos híbridos Flex.
Outros países, como a Índia, têm cada vez mais destacado a importância do etanol no processo de descarbonização do seu setor de transportes. Neste país, onde o etanol é tratado como o "combustível verde do futuro", está sendo realizado um grande esforço para aumentar a produção de etanol e viabilizar o estabelecimento de novas tecnologias de propulsão.
A Bosch é uma empresa líder em tecnologia automotiva e tem sido fundamental na transformação do mercado de combustíveis no Brasil. No passado, sua inovação e pioneirismo contribuíram para popularizar o uso do etanol no país. Hoje, impulsionam o desenvolvimento da tecnologia automotiva nacional, ajudando a posicionar o Brasil na liderança global em soluções para o uso de combustíveis renováveis. Isso é Tecnologia para a vida.
Flex Fuel 20 Anos: Caminhos para uma mobilidade de baixo carbono