Os desafios do agronegócio
O que precisa ser feito para alimentar quase 10 bilhões de pessoas nas próximas décadas
Foi no final do século 18 que o economista inglês Thomas Malthus tornou famosa uma preocupação até hoje comum: a população cresce muito e a produção de alimentos não será suficiente para chegar a todas as bocas. Os séculos seguintes mostraram, repetidas vezes, que o alarmismo de Malthus era exagerado.
No século 20, a mecanização da agricultura e o melhoramento genético mudaram o cenário a tal ponto que a oferta superou a demanda. Ainda existem muitas pessoas que passam fome no mundo (são mais de 820 milhões de pessoas), mas não porque a produção é baixa.
Nas últimas décadas, porém, surgiram fatores com os quais o planeta ainda não tinha se deparado, ao menos não em grande intensidade: mudanças climáticas — em parte agravadas pela própria atividade humana — e melhoria do padrão alimentar nos países em desenvolvimento.
O crescimento do consumo de alimentos
O planeta ainda sofre com a fome e com as mortes por inanição, que é considerada grave devido à prolongada desnutrição. Essa triste realidade não é causada pela falta do alimento em si, mas pela má distribuição, desperdícios e desigualdades sociais especialmente em países mais pobres. Em contrapartida, os países mais ricos continuam a demandar cada vez mais por alimentos e, com o eminente crescimento da população mundial tanto em nações desenvolvidas quanto naquelas que não são, a produção terá que ser ainda maior.
De acordo com a Organização das Nações Unidas, se o ritmo atual de consumo continuar, serão necessários 60% a mais de comida, 50% a mais de energia e 40% a mais de água. Para estudiosos, como Ria Hulsman, gerente regional para América Latina da Universidade de Wageningen da Holanda, o planeta já produz alimento necessário, portanto o aumento não teria que ser tão grande se houvesse uma boa distribuição.
E como enfrentar esses desafios do agronegócio? Qual é o papel da tecnologia em tudo isso?
Os desafios do agronegócio
“Temos um cenário de restrição de terras, limitação de insumos, como água, fertilizantes e químicos, e uma mudança climática agressiva que impacta toda a lógica de operação agrícola”, destaca Naldo Dantas, especialista no desenvolvimento de novos negócios da Bosch América Latina.
A América Latina, em particular o Brasil, tem papel decisivo nesse contexto. O país está entre os maiores produtores de vários dos produtos do setor. “O principal desafio da agricultura hoje é como produzir mais e melhor com menos”, resume o zootecnista Rafael Zavala, representante no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Mas existem outras situações que precisam ser enfrentadas, como as listadas a seguir
Produzir mais com menos trabalhadores
Outro ineditismo, em comparação a períodos anteriores, é que hoje há mais pessoas morando nas cidades do que no campo — consequentemente, há também menos trabalhadores atuando nas atividades agropecuárias. No mundo, apenas um em cada quatro se dedica ao setor; já no Brasil esse número é ainda maior — um em cada dez. Assim, será preciso gerar mais comida com menos mão de obra, e isso só será possível com o uso maior de tecnologia.
“O uso de tecnologias pode alavancar a produção e, ao contrário do que se imagina, proporcionar novos postos de trabalho. Lógico que, para isso, é preciso qualificar os trabalhadores e oferecer salários mais atrativos”, comenta o engenheiro agrícola Marcos Roberto da Silva, professor do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
Economizar água
Lavouras irrigadas são mais produtivas: ocupam 20% da área agricultável do planeta e respondem por 40% da produção. Essa técnica, portanto, será essencial para a agricultura fazer frente ao desafio de alimentar o mundo — e também para minimizar o impacto das mudanças climáticas nas plantações.
“O volume disponível de água para agricultura terá que competir com as necessidades de abastecimento humano e industrial em decorrência do aumento da população”, afirma o professor da Escola Superior de Agricultura da USP (Esalq), Jarbas Honório de Miranda, especialista em irrigação. Somente no Brasil, a irrigação é responsável por mais da metade da demanda de água.
Produzir mais sem poluir
Na agropecuária propriamente dita, algumas práticas interferem na poluição do planeta, como a emissão de metano pelos bois, o uso de fertilizantes e adubos, e a queima de resíduos. O representante da FAO no Brasil, destaca a necessidade de melhoria no solo, plantando em áreas degradadas como forma de captar o carbono emitido pela agropecuária. “A maior parte das zonas degradadas do planeta, que não são desérticas originalmente, foi degradada pela agricultura. A regra de ouro é manter o solo com cobertura vegetal e criar meios para um uso que seja menos erosivo.”
A poluição na agricultura também está relacionada ao destino de agroquímicos. O país ainda precisa evoluir muito no quesito defensivos e resíduos, mas já é possível ver iniciativas como o Sistema Campo Limpo iniciativa do inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias), uma entidade sem fins lucrativos criada pelos fabricantes de defensivos agrícolas, a fim de promover a correta destinação das embalagens vazias de seus produtos. A ideia é que, com o passar dos anos, ações como essas cresçam e ajudem a tornar o país mais sustentável.
Reduzir desperdícios
Estimativas da FAO indicam que, a cada três toneladas de alimentos produzidas no planeta, uma se perde ao longo da cadeia de distribuição ou do consumo. Em outras palavras, muita água é consumida e gases de efeito estufa são lançados na atmosfera para gerar lixo. “Comida desperdiçada significa também água desperdiçada”, destaca Zavala.
Dantas observa que as perdas envolvem diferentes etapas e atores: a fazenda, o Estado (como gestor de infraestruturas públicas), o processador de alimentos, o supermercado e o consumidor. O desperdício é enorme ao longo da cadeia, mas às vezes é pouco percebido em cada uma dessas fases. “Um dos desafios é enxergar a perda: onde e por que ela ocorre. Outro é como reagir para mitigar isso”.
Essa é uma das áreas em que a Bosch tem atuado com mais intensidade. A empresa já desenvolveu soluções que visam reduzir perdas em momentos tão distintos como queimadas, armazenagem, gerenciamento de máquinas agrícolas, criação de gado de corte e até mesmo na estocagem de vacinas.
Produzir mais sem desmatar
O desmatamento é um problema grave enfrentado há anos, mas a discussão a respeito dele tem se intensificado. Isso porque a vegetação florestal original vem sendo substituída por pastagens e áreas agrícolas. No entanto, há um consenso de que o desmatamento não é a solução para aumentar a produção de alimentos.
Do uso de drones a satélites que captam imagens, o foco é aumentar a produtividade em um menor espaço, o que será fundamental para evitar que mais áreas sejam desmatadas e que seja possível seguir um plano de preservação ambiental. Um dos objetivos da Bosch é justamente trabalhar em cima da ideia de que é possível praticar a agricultura e pecuária em espaços já existentes, por meio do uso de tecnologias.
Distribuir melhor os alimentos
Um dos grandes problemas enfrentados no mundo moderno é a fome. As crises econômicas, políticas e climáticas elevam a cotação de determinados alimentos, fazendo com que os seus preços disparem no mercado, impedindo que mais pessoas tenham acesso a eles. A última pesquisa do IBGE, apontou que no Brasil mais de 13 milhões de pessoas vivem na miséria.
No mundo, esse número é ainda maior, o que faz com que a falta de alimentos seja mais suscetível. Sendo assim, o que é possível fazer? Estudiosos apontam caminhos como a redução de desperdícios na produção, aplicação de tecnologias que evitem que o clima tenha efeitos devastadores na produção, melhora no armazenamento e na gestão dos alimentos.
O papel da tecnologia nesses desafios
Se comparado a outros setores, o agronegócio ainda tem muito a crescer no aspecto de aplicação tecnológica. O desenvolvimento de novas ferramentas e sistemas modernos tem sido um grande aliado para escalar a produção agrícola e pecuária.
A tendência para os próximos anos é que haja uma aceleração na digitalização. Com isso, estar antenado às mudanças que acontecerão é o primeiro passo para enfrentar os desafios do agro. O digital colabora com o aumento da produtividade, permite maior qualidade e eficácia e reduz a utilização de recursos naturais.
Mecanização
A mecanização agrícola consiste no uso de maquinário, como tratores e colheitadeiras, para realizar atividades que vão do preparo do solo à colheita do que foi produzido. A tecnologia vem justamente permitir que essa mecanização seja ampliada, a fim de reduzir a necessidade de recursos humanos (que é um desafio, quando se trata da mão de obra) e manter uma qualidade dos resultados e padronização.
Sem contar que o investimento em máquinas significa economia a longo prazo e permite a prática da agricultura de precisão, que também envolve outras ferramentas, como sensores, drones, sistemas de gestão de fazenda entre outros.
Plantio Inteligente
A tecnologia que vem promovendo transformações no agronegócio especialmente nas plantações. A Solução de Plantio Inteligente Bosch permite otimizar a distribuição de sementes de acordo com a fertilidade e curvas do solo, além de realizar corte de linhas para evitar a sobreposição e consequente desperdício de sementes, o que proporciona melhor utilização da área plantada e aumenta o potencial de produtividade do agricultor.
Ela utiliza informações de georreferenciamento, mapa de fertilidade do solo e sensoriamento da máquina para otimização do plantio. Desenvolvida para atender a demanda do mercado local, a solução modular é flexível e pode ser integrada em qualquer modelo de plantadeira e dosador.
Pulverização Inteligente
A Solução de Pulverização Inteligente da Bosch possibilita que o agricultor pulverize herbicida apenas onde realmente é necessário. Durante entrevistas com produtores, a Bosch verificou que a maior dificuldade é identificar a janela de oportunidade para aplicação de defensivos, que usualmente é pequena.
Para que isso ocorra de forma precisa, câmeras específicas com algoritmos de Inteligência Artificial (AI) detectam linhas de culturas e identificam as ervas daninhas na área de cultivo. A Bosch fornece também a unidade de controle eletrônico que garante o direcionamento correto das ervas daninhas, abrindo e fechando as válvulas dos injetores em questões de milissegundos.
Entre os maiores benefícios dessa tecnologia estão: proteção ao meio ambiente; menor incidência do uso de defensivos agrícolas visto que a tecnologia da Bosch identifica e pulveriza apenas sobre a erva daninha; evita que a terra crie resistência à herbicidas; diminui os custos para o produtor e aumenta a qualidade dos alimentos.
As 8 regras para alimentar o mundo
Os desafios do agronegócio apontam também para um caminho que a Bosch acredita: alimentar o mundo com eficiência. Para isso são separados oito mandamentos importantes, que são:
- Produzir mais sem desmatar;
- Distribuir melhor os alimentos;
- Produzir mais com menos água;
- Produzir mais num mundo mais urbano;
- Desperdiçar menos alimentos;
- Levar tecnologia ao pequeno produtor;
- Produzir mais poluindo menos;
- Produzir sem prejuízos à saúde.
O aumento da população e a incrementação dos hábitos alimentares têm exigido a busca de soluções capazes de não interferir tanto no meio
ambiente e ainda promover uma agricultura e uma pecuária mais produtivas.
A tecnologia vem justamente para ajudar nesse desafio de alimentar mais pessoas e tornar a atividade agropecuária mais sustentável não só economicamente, mas também ecologicamente, além de moderna.
Enfrentar os desafios do agronegócio por meio de tecnologias inteligentes e avançadas é um dos principais objetivos da Bosch. A ideia é continuar a enfrentar as barreiras que impedem o agronegócio de ser mais produtivo.
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